terça-feira, 20 de julho de 2021

Empresas e o apoio cultural

 

A literatura internacional sobre o apoio cultural como ação de responsabilidade social de empresas, defende que tal ação deve ser entendida como estratégia que beneficiará a empresa, inclusive em sua dimensão lucrativa.

Precisamos entender quem apoia, onde apoia, e se esse apoio gera o impacto desejado. Empresas que apoiam projetos locais, de baixo custo que tenham benefícios ou atividades de longo prazo, com tendências a novas edições, geram fatores positivos no ambiente competitivo, ou seja, a empresa cria uma condição favorável junto à comunidade. Iniciativas realizadas tanto por MEI como MICRO, são alternativas pouco exploradas, porém necessárias, se pretendemos realmente desenvolver o campo da filantropia cultural como investimento social no Brasil.


Marcia Woods, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), reforça que a “união de toda a sociedade brasileira em um mesmo propósito, como combater a pandemia e seus efeitos, teve clara influência de MEIs e MICROs com ações inovadoras, rápidas e criativas de se fazer cultura. Essa experimentação pode servir como inspiração para repensar a forma tradicional de apoiar e patrocinar projetos”.

O aprendizado mostra que é possível obter resultados positivos e de impacto com apoios culturais com baixo orçamento, pois não envolvem empecilhos burocráticos ou limitações fiscais na hora de destinar recursos. O conhecimento do projeto, o acompanhamento de seus avanços e a conquista de metas, por exemplo, se torna mais ágil, mais horizontal, baseado em informações abertas.


Esse nova perspectiva de fomento cultural, é o que podemos chamar de “iniciativa colaborativa de patrocínio”, deslocando empresas e pessoas físicas do ‘fazer para si’ ou ‘para o outro’, para ‘fazer com o outro’. Com diferentes segmentos em prol da mesma causa social.

Para Luiza Serpa, co-fundadora e diretora executiva do Instituto Phi, “não é preciso reinventar a roda para começar um programa de responsabilidade social. Não é necessário criar grandes estruturas ou institutos, pois já existem excelentes projetos em andamento, com metodologias comprovadas. Tem muita gente qualificada que encontrou formas de solucionar um determinado desafio em pequenas escalas e que só precisa de investimento para ampliar o impacto social.”


Quando uma pessoa física ou empresa reconhece seu papel na sociedade civil organizada, ela percebe que não importa se vai apoiar com 10 reais ou 10.000 mil, cada real é igualmente importante para termos o Brasil que queremos e merecemos.

O impacto da pandemia de Covid-19, exigi transformações, adaptações e reinvenções nos modos de produção, circulação e consumo de produtos e serviços culturais. Da capacidade de reinvenção e de ação, dependem a sustentabilidade e, em muitos casos, a sobrevivência de trabalhadores da cultura. Boas ideias como projeto M.E.L. são bem vindas!

Marcos Paulo de Lucca - Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Filantropia da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES)